Escríbale al autor

Hugo Adrián Martinez
(Montevideo, 1977)

 

Nació en Montevideo, pero vive en São Paulo desde sus primeros meses de vida. Tiene un libro de poemas publicado, otro listo para la prensa y participa en un proyecto junto con otros tres jóvenes escritores que puede ser revisado en: www.estomagar.blogger.com.br. Actualmente estudia Letras en Español en la facultad de Anhembi Morumbi, São Paulo.

 

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Tem uma festa lá em cima
Aqui em baixo a comunicação é impossível
Luto com as teclas, luto comigo mesmo, estou de luto
Estou com a consciência repousada em idéias fixas
Idéias de megalomania, de potência, idéias tristes
Uma potência espelhada no divã que durmo
Uma potência que enoja e ilude
Uma potência plena de carências
Pela qual uma impotência maior que Miles...

Treta que esqueço, me esqueço, esqueço de mim mesmo a todo momento
Apesar de girar minha existência e pensamento em mim mesmo
Pois a todo momento preciso revisar o que é "mim mesmo"
A todo momento me perco, num labirinto sem muros
A verdade é que despenco e perco-me de vista
Olho do alto do abismo e estou lá em baixo
E quando percebo estou realmente lá em baixo
E continua a festa lá em cima....

Aqui impera um único sentimento: solidão
E desvanece dos dedos o primordial: sinceridade
E até mesmo a dor com sua maestria em autenticidade, parece falsa
Mesmo sem espelho imagino meu semblante: é patético!
Chego acreditar por uma fração de tempo que inventei a dor
Me alegro por um segundo ter forjado o sofrimento
Quem sabe por caminhos mais tristes encontrasse algum sentido
E uma nova queda anuncia uma nova verdade
Não tenho nada nas mãos e se em algum lapso desejei a dor
Se foi tudo proposital e premeditado
Ela gostou do trono, apoiou o cetro e decidiu ficar...

Lá em cima continuam a festejar
E aqui tudo fede
O telejornal, os animais, a minha vida que vaza pelos poros
Encolhi, me dissipei, e tudo isso fede muito
Meu drama fede e parece ridículo
Escrevo, me detenho em letras, me detenho em mim e isso parece ridículo
Procurar, esperar, crer, saída, lençóis, poesias,
Mas quem afinal vai achar qualquer coisa disto tudo?
Quem sem ou com óculos verá logo mais do que palavras, palavras....
E sucumbir lentamente em cada desafio de versos
Em cada orifício lírico, de excrementos férteis, sucumbir
Lentamente, atrasado, lentamente, eu caio
Realidades, sou porfiado, sou inexistente, realidades
E o que parece por fim real
É a festa lá em cima que acaba antes, que o meu acabar....

© Hugo Adrián Martinez, 2004 descargar pdf

 

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